quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Som e Espaço.

O som é material de referência dentro de um conceito expandido de composição. Entre outras questões, essa concepção estética vai ao encontro da reflexão e inclusão de elementos que geralmente possuem um valor secundário, ou mesmo inexistente na criação musical tradicional, tais como o espaço, a visualidade, a performance e a plasticidade.

É notável que boa parte das produções de arte sonora se realizam na forma de instalações e de esculturas sonoras, nas quais a construção da obra ocorre em conexão com a construção de seu próprio espaço de existência, portanto o espaço adquire uma importância vital na maior parte desses trabalhos, atuando não como agente de delimitação da obra, mas como elemento integrante da mesma.

Deve-se notar que os ambientes que abrigam a arte sonora geralmente diferem  muito de espaços mais neutros como as salas de concerto de música e aproximam-se muito mais de ambientes com uma conotação mais ligada à plasticidade como galerias de arte, museus ou outros espaços alternativos.

O espaço sonoro faz frente não somente às qualidades materiais de objetos e espaços físicos, mas também à ressonância de nossos próprios corpos e à percepção de nós mesmos.

 A forte conexão que a arte sonora estabelece com o espaço, utilizando-o como um dos principais elementos na construção da obra, ocorre por meio de seu estreito parentesco com a instalação, termo que a partir da década de 80 tem sido utilizado para descrever um tipo de arte que rejeita a concentração em um objeto em favor de uma consideração das relações e interações entre um certo número e elementos e de seus contextos.

Segundo Bosseur (1998:32), "nas instalações o som contribui para delimitar ativamente um lugar reabsorvendo a oposição dualista entre tempo e espaço. Uma das principais propriedades do som é a de esculpir o espaço".

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